domingo, 3 de fevereiro de 2013

Arte mortal


Anda me cercando a morte
por vários lados
abrindo alçapões
até dentro de casa.
Anda me espreitando
querendo intimidades
dentro dos lençóis.

Anda num vai-e-vem
de comadre sirigaita. Vem
lança um boato e parte. Vem
toda manhã
deixa a mensagem
no jornal do espelho
inscrevendo
no meu rosto
sua antiobra de arte.

Affonso Romano de Sant'Anna. Poesia Reunida (1965-1999) - Volume 2. Porto Alegre: L&PM, 2007. p. 280

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