quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

Barcos e portos

Vão resistir alguns subúrbios
das lembranças, na escuridão.

Um rosto de arquivo morto
que a nada se relaciona;

certo abraço de amor
sem nenhum sexo;

um gole d'água,
a sede que o iluminava

mais que o sol daquela outra
manhã também casual;

o acorde de uma música
não eleita;

o de outra, amada;
o pátio, na sombra

que o verso viu
e nunca povoou;

palavras soltas;
talvez dor;

e o que é de barcos e portos,
partir, chegar.

Jorge Wanderley (1938-1999)

Nenhum comentário: