Morte, minha Senhora Dona Morte,
Tão bom que deve ser o teu abraço!
Lânguido e doce como um doce laço
E como uma raiz, sereno e forte.
Não há mal que não sare ou não conforte
Tua mão que nos guia passo a passo,
Em ti, dentro de ti, no teu regaço
Não há triste destino nem má sorte.
Dona Morte dos dedos de veludo,
Fecha-me os olhos que já viram tudo!
Prende-me as asas que voaram tanto!
Vim da Moiramo, sou filha de rei,
Má fada me encantou e aqui fiquei
À tua espera,... quebra-me o encanto!
Florbela Espanca, Reliquiae (1931, póstuma). In: Poemas de Florbela Espanca. São Paulo: Martins Fontes, 1996, p. 301
Florbela Espanca, Reliquiae (1931, póstuma). In: Poemas de Florbela Espanca. São Paulo: Martins Fontes, 1996, p. 301
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