Agora, a mansão à beira do lago já está
concluída, e os trabalhadores estão
começando a grade.
São barras de ferro com pontas de aço, capazes
de tirar a vida de qualquer um que se
arrisque sobre elas.
Como grade, é uma obra-prima e impedirá a
entrada de todos os famintos e vagabundos
e de todas as crianças vadias à procura de
um lugar para brincar.
Entre as barras e sobre as pontas de aço nada
passará, exceto a Morte, a Chuva e o Amanhã.
Carl Sandburg (1878-1967)
segunda-feira, 23 de novembro de 2009
domingo, 22 de novembro de 2009
Como lidar com pessoas que "se acham"?
Por não suportar a dependência, a pessoa orgulhosa menospreza os sentimentos das outras pessoas, se colocando sempre como um "ser superior", como se estivesse num pedestal difícil de ser alcançado. Precisa fazer com que o outro se sinta diminuído para que ela se sinta superior.
O conceito exagerado de si próprio, o amor-próprio demasiado, a necessidade de poder, são apenas máscaras que buscam compensar a falta de amor que sentem por si mesmas.
No campo profissional o orgulho vem junto com a sensação de que "eu sou melhor que os outros" por algum motivo. Isso leva a pessoa a ter uma imagem de si inflada, aumentada, nem sempre correspondendo à realidade. Surge com isso a necessidade de aparecer, de ser visto, passando inclusive por cima de padrões éticos, de regras, e procurando colocar os outros colaboradores ou colegas minimizados, desprezando suas idéias e seu trabalho.
Geralmente pessoas com essas características ocupam cargos elevados e utilizam seu poder para impor suas vontades, manipulando as pessoas ao seu redor com o intuito de conseguirem que tudo seja feito conforme seus desejos.
É mais fácil lidar com pessoas assim depois de analisar e entender os motivos de seu comportamento. Entendido isso, você pode ignorar a maneira de ser dessa pessoa, e não se sentir inferior em hipótese alguma por isso. Procure tratá-la como um ser humano igual a você, sem supervalorizar aquilo que ela mais busca, que é ter mais e mais poder, seja sobre quem for.
Tenha consciência de que essa forma de ser é apenas uma máscara que funciona como proteção para impressionar e se fazer respeitado ou temido, quando na verdade a pessoa, no fundo, se sente muito distante disso.
Não se deixe impressionar, ignore e deixe que ela encontre seu caminho e um dia perceba que o que ela precisa desenvolver não é ser mais que ninguém, mas sim a humildade em ser quem ela simplesmente é.
Rosemeire Zago, Psicóloga
Agora olhe para a foto acima e reflita: nossa vida não é nada mais que um curto espaço de tempo vivido em um minúsculo ponto do Universo. Nessa perspectiva, tem sentido a gente se achar superior a qualquer outro ser humano?
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domingo, 8 de novembro de 2009
A morte de um escritor
"O rosto de Oliver não era estranho a Dalgliesh; ele o vira frequentemente em fotografias ao longo dos anos, e as imagens cuidadosamente escolhidas haviam transmitido sua mensagem, impregnando os traços finos de força intelectual e até de nobreza. Agora tudo havia mudado. Os olhos vidrados estavam semi-abertos, dando ao morto um aspecto de arguta malevolência, e sentia-se um débil fedor de urina, vindo de uma mancha na parte da frente da calça - a humilhação final da morte súbita e violenta".
"Olhando para baixo, para as mãos enluvadas da professora Glenister movendo-se sobre o cadáver, a mente de Dalgliesh obedecia às suas próprias compulsões, mesmo enquanto ele reagia aos imperativos do presente. Impressionava-o, como em seu primeiro caso de assassinato, nos tempos de jovem detetive, o absoluto da morte. Uma vez que o corpo esfriava e o rigor mortis iniciava seu avanço inevitável e previsível, era quase impossível acreditar que aquele trambolho endurecido de pelo, ossos e músculos algum dia estivera vivo. Animal algum jamais ficava tão morto quanto o homem. Seria porque muito mais se perdera com aquele endurecimento final - não apenas as paixões animais e as urgências da carne, mas também toda a abrangência de vida da mente humana? Aquele corpo pelo menos deixava um memorial a sua existência, mas mesmo seu rico legado de imaginação e acertos verbais parecia uma bagatela infantil diante daquela negatividade final".
P. D. James, O Farol
quarta-feira, 4 de novembro de 2009
Escolhas e decisões
Quão previsíveis e resguardados tinham sido seus cinquenta e oito anos de vida, a infância superprotegida, a escola preparatória cuidadosamente escolhida, os estudos até os dezoito anos numa escola pública pouco conhecida mas respeitada, a faculdade, como seria de se esperar, em Oxford. Ele decidira abraçar a profissão do pai, não porque ela o entusiasmasse e nem mesmo - hoje ele percebia - como resultado de uma opção consciente, mas devido a um vago respeito filial e ao conhecimento de que havia um emprego garantido esperando por ele. Seu casamento fora menos um caso de paixão que uma escolha entre as garotas adequadas disponíveis no Clube de Tênis de Warnborough e nos clubes de artes dramáticas locais. Jamais tomara uma decisão realmente difícil, jamais fora torturado por uma opção complexa, jamais se envolvera com esportes perigosos ou realizara algum feito que ultrapassasse as conquistas de sua carreira. Seria - ponderava ele - porque era filho único, mimado e superprotegido? De sua infância, as palavras que evocava mais frequentemente eram de sua mãe: "Não mexa aí, querido, é perigoso", "Saia daí, querido, você pode cair", "Acho melhor esquecer essa garota, querido, ela não é bem seu tipo".
P. D. James, O Farol
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