quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Escolhas e decisões

Quão previsíveis e resguardados tinham sido seus cinquenta e oito anos de vida, a infância superprotegida, a escola preparatória cuidadosamente escolhida, os estudos até os dezoito anos numa escola pública pouco conhecida mas respeitada, a faculdade, como seria de se esperar, em Oxford. Ele decidira abraçar a profissão do pai, não porque ela o entusiasmasse e nem mesmo - hoje ele percebia - como resultado de uma opção consciente, mas devido a um vago respeito filial e ao conhecimento de que havia um emprego garantido esperando por ele. Seu casamento fora menos um caso de paixão que uma escolha entre as garotas adequadas disponíveis no Clube de Tênis de Warnborough e nos clubes de artes dramáticas locais. Jamais tomara uma decisão realmente difícil, jamais fora torturado por uma opção complexa, jamais se envolvera com esportes perigosos ou realizara algum feito que ultrapassasse as conquistas de sua carreira. Seria - ponderava ele - porque era filho único, mimado e superprotegido? De sua infância, as palavras que evocava mais frequentemente eram de sua mãe: "Não mexa aí, querido, é perigoso", "Saia daí, querido, você pode cair", "Acho melhor esquecer essa garota, querido, ela não é bem seu tipo".

P. D. James, O Farol

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