"Ele se inquieta por ver que ainda está escrevendo sobre a África do Sul. Preferiria deixar para trás seu eu sul-africano, como deixou para trás a própria África do Sul. A África do Sul foi um mau começo, uma desvantagem. Uma família rural sem distinção, má formação escolar, a língua africâner: desses componentes de sua desvantagem, conseguiu, mais ou menos, escapar. Está no grande mundo, ganhando a própria vida, e não está se dando tão mal, ou pelo menos não está fracassando, não obviamente. Não precisa relembrar a África do Sul. Se um vagalhão viesse do Atlântico amanhã e varresse da existência o extremo sul do continente africano, não derramaria uma única lágrima. Estaria entre os que se salvaram."
J. M. Coetzee (1940-). Juventude (2002). São Paulo: Companhia das Letras, 2013, p. 63-4
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