sábado, 17 de agosto de 2013
Senhor, eu tenho orgulho do imprestável
"Prefiro as máquinas que servem para não funcionar:
quando cheias de areia de formiga e musgo – elas
podem um dia milagrar de flores.
(Os objetos sem função têm muito apego pelo abandono.)
Também as latrinas desprezadas que servem para ter
grilos dentro – elas podem um dia milagrar violetas.
(Eu sou beato em violetas.)
Todas as coisas apropriadas ao abandono me religam
a Deus.
Senhor, eu tenho orgulho do imprestável!
(O abandono me protege.)"
Manoel de Barros. Livro sobre nada. 7ª ed. Rio de Janeiro: Record, 1998. p. 57
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