"Não morrer - mas ser colhido pela morte.
Ser colhido, porque maduro, para o silêncio.
Não morrer - mas pender para a morte,
Como as frutas que, tocadas pelo tempo,
Se inclinam para o úmido chão.
Não morrer - mas estar com a morte ampla e serena
Nos olhos, no coração e no corpo e na alma.
Estar para o Fim, maduro como as amoras de vez,
Como as amoras da montanha.
Sentir em si a harmonia dos últimos passos
E o consolo dos olhares que não querem mais ver.
Ser levado pelas mãos da morte,
E estar com a morte em si, como esperança, como única
[esperança."
Augusto Frederico Schmidt (1906-1965). In: Antologia Poética. Rio de Janeiro: Leitura, 1962. p. 61
Foto: túmulo no Cemitério do Père Lachaise, em Paris
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