sexta-feira, 28 de junho de 2013
LEMINSKI
"Repousa sob a laje
o que viveu oculto.
Poupem-no do ultraje
do tumulto."
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"Nada tenho.
Nada me pode ser tirado.
Eu sou o ex-estranho,
o que veio sem ser chamado
e, gato, se foi
sem fazer nenhum ruído."
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"pedaço de prazer
perdido
num canto do quarto escuro
inferno paraíso
vivo ou morto
te procuro"
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"de colchão em colchão
chego à conclusão
meu lar é no chão"
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"Faça os gestos certos,
o destino vai ser teu aliado,
ouço uma voz dizendo
do fundo mais fundo do passado.
Hoje, não faço nada direito,
que é preciso muito mais peito
pra fazer tudo de qualquer jeito.
Ai do acaso,
se não ficar do meu lado."
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"um dia sobre nós também
vai cair o esquecimento
como a chuva no telhado
e sermos esquecidos
será quase a felicidade"
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"podia passar
a vida inteira assim
olhando a lua
a boca cheia de luz
e na cabeça nem sombra
da palavra glória"
Paulo Leminski (1944-1989). La vie en close. 5ª ed. São Paulo: Brasiliense, 1994
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