sexta-feira, 26 de agosto de 2011

O Lustre (II)

O pensamento de fazer café sacudiu-a de novo com mais vigor, Deus meu, isso seria renascer, tomar café límpido, negro, quente, perfumado café - mundo, mundo, dizia seu corpo sorrindo mudamente de dor. Com certa timidez observava como estava sozinha. Poderia chorar de alegria, sim, porque tomando café teria forças para tudo. (p. 200-201)

(...)

Lembrava-se constantemente da viagem, lembrava-se da avó, surpreendida de pensar tanto nela. Confusamente, porque a morte lhe parecia um ato de vida, a morte na velhice era um fresco fruto extemporâneo e um súbito revivescimento. Para ela quase só agora a avó começava a existir. Revia seus olhos fixos e úmidos, suas pálpebras piscando numa indecência impotente, aquela pele castanha de fazenda amarrotada, tão maior que seu corpo duro, cego, infantil. Imaginou-a sabida e fúnebre dizer: enquanto existi comi bastante. Como era velha, pesada e morta aquela avó magra que se lembrava subitamente de morrer. (p. 220-221).

Clarice Lispector, O Lustre (1946). 9ª ed., Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1995.

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Abram-me outra realidade

Ah, abram-me outra realidade!
Quero ter, como Blake, a contiguidade dos anjos
E ter visões por almoço.
Quero encontrar as fadas na rua!
Quero desimaginar-me deste mundo feito com garras,
Desta civilização feita com pregos.
Quero viver, como uma bandeira à brisa,
Símbolo de qualquer coisa no alto de uma coisa qualquer!
Depois encerrem-me onde queiram.
Meu coração verdadeiro continuará velando
Pano brasonado a esfinges,
No alto do mastro das visões
Aos quatro ventos do Mistério.
O Norte — o que todos querem
O Sul — o que todos desejam
O Este — de onde tudo vem
O Oeste — aonde tudo finda
—Os quatro ventos do místico ar da civilização
—Os quatro modos de não ter razão, e de entender o mundo

Fernando Pessoa [Álvaro de Campos], 1924

sábado, 20 de agosto de 2011

O Lustre

- Virgínia, todos os dias você vendo café com leite gosta de café com leite. Vendo pai você respeita pai. Arranhando a perna você sente dor na perna, já compreendeu o que eu quero dizer? Você é vulgar e estúpida. - Sim, por Deus que ela o era - Pois a Sociedade das Sombras deve aperfeiçoar seus membros e manda que você vire tudo ao contrário. A Sociedade das Sombras sabe que você é vulgar porque você não pensa, como se diz, com profundeza, porque você só sabe seguir o que lhe ensinaram, está entendendo? A Sociedade das Sombras manda que amanhã você entre no porão, sente-se e pense muito, muito para saber o que é de você mesma e o que é que lhe ensinaram. Amanhã você não deve se preocupar com a família nem com o mundo! A Sociedade das Sombras falou. (p. 67)

Ela secretamente exultava: ao contrário do que Daniel imaginara, ela amava o porão e nunca o temera. Calou-se no entanto porque se o confessasse o local para pensar profundamente seria transferido. Tremia à idéia de que Daniel pudesse mandá-la pensar no meio do mato ao anoitecer. Não ter uma tarefa difícil para o dia seguinte era como receber férias. Daniel perscrutou-a um pouco surpreendido nessa noite, vendo-a alegre conversar quase sozinha na mesa do jantar e receber sem tristeza uma bofetada do pai. Fora da clareira porém eles não podiam falar sobre a Sociedade das Sombras e ela assim estava livre, observando quase maliciosa e feliz a inquietação de Daniel. (p. 68)

Na manhã seguinte, como não devia preocupar-se com a família, fez com que a família não se preocupasse com ela. Assim não evitou o hábito de tomar café com todos e de responder às perguntas. Obediente a Daniel, no entanto, ela cerrava o coração sem raiva e sem glória, como num trabalho sincero, escondendo-o intacto em zona escura e quieta. Era preciso não se misturar, nada mover ao seu redor com o pensamento para não ser imperceptivelmente movida. Distraída adivinhava: pensando profundamente ia saber o que era dela com água misturada à água do rio e o que não era, como pedras misturadas à água do rio. Ah, compreendia tanto. Suspirava de alegria e de certa incompreensão. Um dia talvez não comparecesse junto ao respeito dos pais, junto ao prazer de passear, ao gosto do café, ao pensamento de gostar de azul, à dor de ferir a perna. Embora isso jamais a tivesse preocupado. Caminhou para o porão lentamente, empurrou sua grade e mergulhou no cheiro frio de penumbra onde timidamente viviam bacias, poeiras e móveis velhos. Sentou-se perto das roupas negras de um luto antigo. O bafo dos baús arquejava, um cheiro de cemitério subia das lajes do chão. Sentou-se e esperou. Apertava a intervalos o grosso vestido contra o peito. Os pássaros lá fora cantavam mas isso era o silêncio. Para pensar profundamente alguém devia não se lembrar de nada em particular. Purificou-se de lembranças, quedou-se atenta. Como para ela era sempre fácil nada desejar, manteve-se parada sem mesmo sentir as sombras negras do porão. Foi-se distanciando como numa viagem. Aos poucos ia conseguindo um pensamento sem palavras, um céu cinzento e vasto, sem volume nem consistência, sem superfície, profundidade ou altura. Às vezes, como ligeiras nuvens soltas do fundo, o céu era atravessado pela vaga consciência da experiência e do mundo fora de si mesmo. O temor de desobedecer a Daniel - um temor que não era pensamento nem o perturbava - assaltava-a e também uma curiosidade de prosseguir sem interrupções, que a fazia mover-se acima de seus próprios conhecimentos. Sem esforço, sem alegria - como para não se deter em nenhum sentimento definido - ela afastava a percepção e ficava novamente puro o céu. Estaria pensando profundamente? indagava ela uma consciência à parte. (p. 68-69)

(...)

Agora tornava-se claro: era verdadeiro! tudo existia tão livre que ela poderia mesmo inverter a ordem de seus sentimentos, não ter medo da morte, temer a vida, desejar a fome, odiar as coisas felizes, rir-se da tranquilidade... Sim, bastaria um pequeno toque e numa coragem leve e fácil galgaria a inércia e reinventaria a vida instante por instante. Instante por instante! tremiam nela pensamentos de vidro e sol. Eu posso renovar tudo com um gesto, sentia bravamente, úmida como uma coisa nascendo, mas confusamente sabia que esse pensamento era mais alto que a sua realização e nada fazia, perplexa e serena, nenhum gesto. (p. 72-73)

Clarice Lispector, O Lustre (1946). 9ª ed. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1995.

sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Felicidade clandestina

Era sábado e estávamos convidados para o almoço de obrigação. Mas cada um de nós gostava demais de sábado para gastá-lo com quem não queríamos. Cada um fora alguma vez feliz e ficara com a marca do desejo. Eu, eu queria tudo. E nós ali presos, como se nosso trem tivesse descarrilado e fôssemos obrigados a pousar entre estranhos. Ninguém ali me queria, eu não queria a ninguém. Quanto a meu sábado - que fora da janela se balançava em acácias e sombras - eu preferia, a gastá-lo mal, fechá-lo na mão dura, onde eu o amarfanhava como a um lenço. À espera do almoço, bebíamos sem prazer, à saúde do ressentimento: amanhã já seria domingo. Não é com você que eu quero, dizia nosso olhar sem umidade, e soprávamos devagar a fumaça do cigarro seco. A avareza de não repartir o sábado ia pouco a pouco roendo e avançando como ferrugem, até que qualquer alegria seria um insulto à alegria maior. (p. 88)

(...)

Era uma velha sequinha que, doce e obstinada, não parecia compreender que estava só no mundo. Os olhos lacrimejavam sempre, as mãos repousavam sobre o vestido preto e opaco, velho documento de sua vida. No tecido já endurecido encontravam-se pequenas crostas de pão coladas pela baba que lhe ressurgia agora em lembrança do berço. Lá estava uma nódoa amarelada, de um ovo que comera há duas semanas. E as marcas dos lugares onde dormia. Achava sempre onde dormir, casa de um, casa de outro. Quando lhe perguntavam o nome, dizia com a voz purificada pela fraqueza e por longuíssimos anos de boa educação:

- Mocinha.

As pessoas sorriam. Contente pelo interesse despertado, explicava:

- Nome, nome mesmo, é Margarida. (p.29)

Clarice Lispector, Felicidade clandestina (1971). Rio de Janeiro: Rocco, 1998.

domingo, 14 de agosto de 2011

Muitos são os chamados

Marcos não só viu desencarnados doentes, como também maus e vingativos, mas todos eram socorridos, orientados e encaminhados para assistência no plano espiritual.

- Luís - Marcos comentou -, quando aqui estive, passei por este trabalho, e estavam comigo dois desencarnados que queriam se vingar e disseram ter agido inclusive instigados pela vontade de dois encarnados.

- Alguns desencarnados vingativos aguardam os encarnados, a quem querem prejudicar, caírem na vibração infeliz para poderem agir. Certamente, conseguiram prejudicá-lo, em virtude de você ter ofendido a outros, e eles, revidando, desejaram-lhe o mal.

- Que será deles? Por que estavam comigo?

- Se receberam orientação aqui e foram encaminhados, estão bem. O porquê, o motivo de eles quererem se vingar, pode estar no passado distante. Se um dia recordar suas outras existências, poderá saber o motivo.

- Devo tê-los ofendido, gostaria de pedir-lhes perdão.

- Numa rixa, há culpa de ambos os lados. Ofendidos devem perdoar e não guardar rancores, e ofensores devem arrepender-se e reparar a falta. Se eles se encaminharam, perdoaram-no e, se um dia houver necessidade, a vida os aproximará. O que importa, Marcos, é que você também foi prejudicado por eles e os perdoou.

- Luís, lembro-me, agora, das propostas que fiz e que não cumpri. Mas a culpa também foi de Mara, que me impediu.

- Marcos, meu companheiro, não jogue a culpa de seus atos em outros. Se quisesse, se tivesse realmente vontade, teria feito. Deixou-se dominar por ela, porque no fundo era isto o que desejava. Mara é realmente voluntariosa e, para você, foi mais cômodo atendê-la. Do mesmo modo, muitos aqui no plano espiritual dizem: "Não trabalhei espiritualmente, quando encarnado, não atendi a conselhos e apelos de amigos, porque minha esposa, ou meu esposo, filhos etc. impediram-me". Outros desculpam-se dizendo que eram pobres, não tinham nada para dar, eram necessitados. São desculpas que dão a si mesmos. Esquecem que pobre materialmente pode dar de si fluidos, bondade, horas de trabalho, orações. Necessitados? Há tantos modos de se passar de necessitados a colaboradores, e todos têm essa obrigação, só não se transformam os acomodados e os que realmente não querem. Nem a doença física é empecilho para quem quer ser útil. O cego pode usar a palavra; o mudo, as mãos, etc. Exemplos não faltam: desencarnou há pouco Jerônimo Ribeiro Mendonça, um tetraplégico e cego, que com seus livros e palestras chamou muitos irmãos ao caminho do bem e, com seus exemplos, incentivou muitos a se resignarem, a serem como ele.

E os necessitados espiritualmente - Luís continuou, após ligeira pausa - podem mudar de hábitos e atitudes, evangelizando-se e seguindo o caminho do bem, porque assim as dificuldades serão ultrapassadas. É sempre mais fácil colocar a culpa de nossas falhas e fracassos nos outros, como se eles fossem donos do nosso livre-arbítrio. Quando queremos, sempre damos um jeito, embora reconhecendo que, em muitas ocasiões, os empecilhos são fortes e que se necessita de muita coragam para vencê-los. Mas este não foi o caso que mencionamos.

Marcos abaixou a cabeça, mas foi abraçado amorosamente pelo instrutor, pois entendeu que não recebera uma censura, porém preciosa lição.

- É verdade, Luís, não foi o meu caso. A "porta larga" me foi mais cômoda, mais fácil. Tentava isentar-me, culpando Mara. Aqui, neste local, prometi dedicar-me aos pobres, às crianças doentes, carentes de médicos e remédios. Adiei, deixei para amanhã o que poderia ter feito e... não tive amanhã! Penso mesmo que adiaria sempre e sempre esse "amanhã".

- Quando podemos fazer, é nosso dever realizar. Adiar, ou não fazer, é tarefa não cumprida, é lição não aprendida. Sofremos muito quando podemos e não fazemos o bem.

- Será, Luís, que um dia serei digno de trabalhar em nome de Jesus?

- Poucos de nós são dignos de trabalhar em nome de Jesus, mas como a Sua misericórdia é grande, todos os de boa vontade poderão fazê-lo. Basta querer!

Quando todos foram atendidos, reuniram-se os médiuns na frente da figura de Jesus e oraram a prece de Cáritas: uma chuva de fluidos salutares, coloridos, caiu sobre todos, terminando o trabalho da noite.

Vera Lúcia Marinzeck de Carvalho (pelo espírito Antônio Carlos), Muitos são os chamados. São Paulo: Petit, 1992, p. 129-131.

sexta-feira, 12 de agosto de 2011

Laços de Família

Havia certas cousas boas porque eram quase nauseantes: o ruído como de elevador no sangue, enquanto o homem roncava ao lado, os filhos gorditos empilhados no outro quarto a dormirem, os desgraçadinhos. Ai que coisa que se me dá! pensou desesperada. Teria comido demais? ai que coisa que se me dá, minha santa mãe!

Era a tristeza.

Os dedos do pé a brincarem com a chinela. O chão lá não muito limpo. Que relaxada e preguiçosa se me saíste. Amanhã não, porque não estaria lá muito bem das pernas. Mas depois de amanhã aquela sua casa havia de ver: dar-lhe-ia um esfregaço com água e sabão que se lhe arrancariam as sujidades todas! a casa havia de ver! ameaçou ela colérica. Ai que se sentia tão bem, tão áspera, como se ainda estivesse a ter leite nas mamas, tão forte. Quando o amigo do marido a viu tão bonita e gorda ficou logo com respeito por ela. E quando ela ficava a se envergonhar não sabia onde havia de fitar os olhos. Ai que tristeza. Que é que se há de fazer. Sentada no bordo da cama, a pestanejar resignada. Que bem que se via a lua nessas noites de verão. Inclinou-se um pouquinho, desinteressada, resignada. A lua. Que bem que se via. A lua alta e amarela a deslizar pelo céu, a coitadinha. A deslizar, a deslizar... Alta, alta. A lua. Então a grosseria explodiu-lhe em súbito amor; cadela, disse a rir. (p.27-28)

(...)

Depois do jantar, enfim, a primeira brisa mais fresca entrou pelas janelas. Eles rodeavam a mesa, a família. Cansados do dia, felizes em não discordar, tão dispostos a não ver defeitos. Riam-se de tudo, com o coração bom e humano. As crianças cresciam admiravelmente em torno deles. E como a uma borboleta, Ana prendeu o instante entre os dedos antes que ele nunca mais fosse seu. (p. 40)

Clarice Lispector, Laços de Família (1960). 28ª ed. Rio de janeiro: Francisco Alves, 1995.

sábado, 6 de agosto de 2011

A Hora da Estrela

Escrevo por não ter nada a fazer no mundo: sobrei e não há lugar para mim na terra dos homens. Escrevo porque sou um desesperado e estou cansado, não suporto mais a rotina de me ser e se não fosse a sempre novidade que é escrever, eu me morreria simbolicamente todos os dias. Mas preparado estou para sair discretamente pela saída da porta dos fundos. Experimentei quase tudo, inclusive a paixão e o seu desespero. E agora só quereria ter o que eu tivesse sido e não fui.

(...)

Silêncio.

Se um dia Deus vier à terra haverá silêncio grande.

O silêncio é tal que nem o pensamento pensa.

O final foi bastante grandiloquente para a vossa necessidade? Morrendo ela virou ar. Ar enérgico? Não sei. Morreu em um instante. O instante é aquele átimo de tempo em que o pneu do carro correndo em alta velocidade toca no chão e depois não toca mais e depois toca de novo. Etc., etc., etc. No fundo ela não passara de uma caixinha de música meio desafinada.

Eu vos pergunto:

- Qual é o peso da luz?



E agora - agora só me resta acender um cigarro e ir para casa. Meu Deus, só agora me lembrei que a gente morre. Mas - mas eu também?!

Não esquecer que por enquanto é tempo de morangos.

Sim.

Clarice Lispector, A Hora da Estrela (1977). 6ª ed. Rio de Janeiro: José Olympio, 1981, p. 29/p.103-4

terça-feira, 2 de agosto de 2011

Água Viva

A violeta é introvertida e sua introspecção é profunda. Dizem que se esconde por modéstia. Não é. Esconde-se para captar o próprio segredo. Seu quase-não-perfume é glória abafada mas exige da gente que o busque. Não grita nunca o seu perfume. Violeta diz levezas que não se podem dizer. (p.63)

(...)

Sinto-me então como se eu fosse um tigre com flecha mortal cravada na carne e que estivesse rondando devagar as pessoas medrosas para descobrir quem teria coragem de aproximar-se e tirar-lhe a dor. E então há a pessoa que sabe que tigre ferido é apenas tão perigoso como criança. E aproximando-se da fera, sem medo de tocá-la, arranca a flecha fincada.

E o tigre? Não se pode agradecer. Então eu dou umas voltas vagarosas em frente à pessoa e hesito. Lambo uma das patas e depois, como não é a palavra que tem então importância, afasto-me silenciosamente. (p.91)

O que sou neste instante? Sou uma máquina de escrever fazendo ecoar as teclas secas na úmida e escura madrugada. Há muito já não sou gente. Quiseram que eu fosse um objeto. Sou um objeto. Que cria outros objetos e a máquina cria a nós todos. Ela exige. O mecanicismo exige e exige a minha vida. Mas eu não obedeço totalmente: se tenho que ser um objeto, que seja um objeto que grita. Há uma coisa dentro de mim que dói. Ah como dói e como grita pedindo socorro. Mas faltam lágrimas na máquina que sou. Sou um objeto sem destino. Sou um objeto nas mãos de quem? tal é o meu destino humano. O que me salva é grito. Eu protesto em nome do que está dentro do objeto atrás do atrás do pensamento-sentimento. Sou um objeto urgente. (p.91-2)

(...)

Ah viver é tão desconfortável. Tudo aperta: o corpo exige, o espírito não pára, viver parece ter sono e não poder dormir - viver é incômodo. Não se pode andar nu nem de corpo nem de espírito. (p.100)

Clarice Lispector, Água Viva (1973). 11ª ed. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1990