"Visitei Père Lachaise para procurar os restos mortais de
Apollinaire no dia em que o Presidente dos Estados
Unidos apareceu na França para a grande conferência
dos chefes de estado
é isso aí o aeroporto azul de Orly claridade de primavera
no ar de Paris
Eisenhower chegando do seu sepulcro americano
e sobre os túmulos com sapos de Père Lachaise uma ilusória
neblina espessa como fumaça de marijuana
Peter Orlovsky e eu caminhamos suavemente por Père
Lachaise ambos sabíamos que iríamos morrer
e assim nos demos nossas temporárias mãos ternamente
numa eternidade em miniatura como uma cidade
estradas e sinais pedras e colinas e nomes nas casas de
todos
procurando o endereço perdido de um notável Francês
do Vazio (...)"
Allen Ginsberg. No túmulo de Apollinaire. In: Uivo e outros poemas. Porto Alegre: L&PM, 2010, p. 117
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