sábado, 16 de novembro de 2013

Apreciações


"Você se apresenta e atua, suponhamos, diante de quinze pessoas. No fim, cada um dos assistentes tem uma apreciação diferente – intelectual e afetiva – sobre a sua atuação e inclusive sobre a sua pessoa.

Há mil fatores que influem nessa apreciação: evocações, transferências, sensibilidades, histórias pessoais. Às vezes, uma simples questão de afinidade: ‘gostei’ ou não. Outras vezes, sua presença lembra-lhes outras pessoas e transferem para você as simpatias ou antipatias que sentem pelo outro. Há dias em que as pessoas vêem tudo escuro ou tudo azul, conforme a pressão arterial, os metabolismos ou outras alterações biológicas.

Não é raro acontecer o seguinte: as pessoas têm seus próprios quadros de valores e, por trás deles, naturalmente, e escondidos, seus interesses pessoais. Pois bem, de acordo com a mentalidade ou a escala de valores que perceberem em você, elas vão se sentir ameaçadas em seus interesses vitais, e tudo isso vai influenciar na avaliação que vão fazer e na atitude afetiva que vão assumir a seu respeito.

Para uns você foi motivo de estímulo; para outros, de inveja; para outros, de emulação. Aceito por uns, rejeitado por outros, indiferente para a maioria. Todas essas reações, entretanto, pouco dependem de você, ou quase nada. O problema está mais neles, mas nem eles mesmos têm consciência de suas próprias reações. São fatores temperamentais e histórias pessoais que, como mecanismos, condicionam sua atitude para com você."

Inácio Larrañaga (1928-2013). Sofrimento e Paz: Para uma Libertação Pessoal. 12ª ed. Petrópolis: Vozes, 1995, p.104

Nenhum comentário: