domingo, 13 de maio de 2012

Criatividade

Originalidade implica coragem suficiente para transcender as normas geralmente aceitas. Algumas vezes isso implica ser mal compreendido ou rejeitado pelos companheiros. Os que não dependem excessivamente dos outros nem mantêm com eles vínculos excessivamente estreitos acham mais fácil ignorar as convenções. As sociedades primitivas acham difícil permitir decisões individuais ou a diversidade de opiniões. Quando a manutenção da solidariedade do grupo é uma preocupação fundamental, a originalidade talvez seja sufocada. Bruno Bettelheim estudou adolescentes israelenses que haviam sido criados em kibbutzim. Descobriu que o elevado valor atribuído ao compartilhamento dos sentimentos em grupo era hostil à criatividade:

Acredito que considerem quase impossível ter opinião pessoal diferente da do grupo, ou se expressar através de trabalho literário criativo - não apenas por causa da repressão dos sentimentos, mas porque isso despedaçaria o ego. Se o ego da pessoa é um ego grupal, pôr um contra o outro é uma experiência destrutiva. E o ego pessoal sente-se excessivamente fraco para sobreviver quando seu aspecto mais forte, o ego grupal, é perdido.

Solidão: a conexão com o eu, Anthony Storr. São Paulo: Benvirá, 2011, p. 160.

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