sexta-feira, 7 de maio de 2010

As obras dos gênios

(...) as mais elevadas realizações do espírito humano, via de regra, foram acolhidas com desfavor e assim permaneceram até que espíritos de tipo mais elevado fossem por elas atraídos, reconhecessem o seu mérito e lhes conferissem prestígio, que elas conservaram com a autoridade assim obtida. No fundo, tudo isso consiste no fato de que cada um só pode propriamente compreender e avaliar apenas o que lhe é homogêneo. Desse modo, homogêneo para o homem limitado é tudo o que for limitado, para o homem comum, tudo o que for comum, para o confuso, a confusão e, para o insensato, o absurdo; o que mais agrada a cada um são as próprias obras que, como tais, lhes são inteiramente homogêneas.

O mais vigoroso dos braços, quando lança um corpo leve, não pode comunicar-lhe nenhum movimento que o faça voar longe e cair violentamente; pelo contrário, o corpo cairá inerte nas proximidades, visto que lhe falta massa material própria para absorver a força exterior. Do mesmo modo se passa com os belos e grandes pensamentos, com as obras-primas dos gênios, se, para absorvê-las, existirem apenas cabeças pequenas, fracas ou enviesdadas.

Arthur Schopenhauer (1788-1860), Aforismos para a Sabedoria de Vida

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