"Sempre fico fascinada pela abnegação com que nós, humanos, somos capazes de dedicar uma grande energia à busca do nada e à mistura de pensamentos inúteis e absurdos. Conversei com um jovem que fazia uma tese sobre patrística grega e perguntei como tanta juventude podia se arruinar a serviço do nada".
"Percorro as páginas pouco anotadas do que deve ser uma versão final [da dissertação de Colombe Josse] e fico consternada. Reconhecemos que a senhorita tem uma pluma que se defende bastante bem, embora ainda um pouco jovem. Mas que a classe média se mate de trabalhar para financiar com seu suor e seus impostos uma pesquisa tão vã e pretensiosa me deixa pasma. Secretárias, artesãos, empregados, funcionários de baixo escalão e motoristas de táxi enfrentam um cotidiano de madrugadas cinzentas a fim de que a fina flor da juventude francesa, devidamente alojada e remunerada, desperdice todo o fruto dessa rotina no altar dos trabalhos ridículos".
Muriel Barbery, L'élégance du hérisson
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