sábado, 12 de novembro de 2016

quero morrer depressa


"Silêncio depressa! Tragam dos mares fundos silêncios
Tragam do ar mais distante silêncio!
Tragam silêncio do centro da terra depressa!
Tragam do inferno o silêncio dos condenados que descansam.
Tragam do céu o silêncio das beatitudes
O silêncio do voo dos anjos pelos tempos sem espaço, tragam depressa
O silêncio dos mortos recém-nascidos, tragam depressa.
Tragam o silêncio dos corpos, dos bêbados dormindo
Tragam o silêncio dos loucos
O silêncio dos mundos, dos tempos.
O silêncio do que ainda vai se realizar, tragam depressa
Tragam por Deus, que eu quero morrer depressa!"


Augusto Frederico Schmidt (1906-1965). Antologia Poética. Rio de Janeiro: Leitura, 1962, p. 44

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